Virgínia Leone Bicudo
Virginia Leone Bicudo nasceu em novembro de 1910, em São Paulo. Concluiu, em 1932, o curso de Educação Sanitária no Instituto de Higiene de São Paulo. Complementou sua formação a partir de novos interesses ao longo de sua trajetória. Realizou, em 1945, o mestrado em Sociologia pela Escola Livre de Sociologia e Política, na mesma turma de Oracy Nogueira e Gioconda Mussolini, defendendo a dissertação “Estudo de atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo”, primeiro trabalho de pós-graduação em Ciências Sociais no Brasil a tratar de relações raciais. Recentemente sua dissertação foi republicada e tem como mérito a recusa de formulações raciais de cunho biológico para se pensar a raça como categoria social. Virgínia Leone Bicudo constatou que a discriminação racial no Brasil não só estava presente nas relações sociais como adquiria um caráter específico: configurava um preconceito que minimizava o confronto direto e impedia o desenvolvimento da consciência sobre a discriminação. Seu estudo defende a tese de que o critério da aparência calcado no branqueamento constituiria o principal determinante das oportunidades de ascensão social do negro no Brasil. Foi uma das primeiras professoras universitárias negras no Brasil, lecionando na Universidade de São Paulo, na Santa Casa e na Escola Livre de Sociologia e Política. Foi também a primeira pessoa a ser reconhecida como psicanalista sem formação em Medicina, fato que se tornou essencial para a construção e institucionalização da Psicanálise no Brasil. Em 1970, iniciou em Brasília a análise e o ensino a um grupo de seis psiquiatras (Caiuby de Azevedo Marques Trench, Humberto Haydt de Souza Mello, Ronaldo Mendes de Oliveira Castro, Tito Nícias Rodrigues Teixeira da Silva e Luiz Meyer). O grupo foi, então, encampado pela Sociedade de Psicanálise de São Paulo, tornando-se a primeira turma da atual Sociedade de Psicanálise de Brasília. Faleceu em 2003, na cidade de São Paulo.