Solano Trindade

Diversidade cultural e identidade nacional

Solano Trindade nasceu em julho de 1908, na cidade de Recife, capital pernambucana. Foi poeta, folclorista, pintor, ator, teatrólogo e cineasta. Estudou teatro no Colégio Agnés Americano. Militante do Movimento Negro, idealizou o I Congresso Afro-Brasileiro em sua cidade natal, em 1934, e participou, em 1936, do II Congresso Afro-Brasileiro em Salvador, Bahia. No início da década de 1940, o poeta segue para Belo Horizonte e depois para o Rio Grande do Sul, onde funda um grupo de arte popular em Pelotas. Pouco tempo depois, volta ao Recife e finalmente segue para a cidade do Rio de Janeiro, onde fixa residência em 1942. Na então Capital Federal, Solano publicou o seu livro “Poemas de uma Vida Simples” em 1944. Devido a um dos poemas do livro, “Tem Gente com Fome”, o poeta foi preso, perseguido e o livro apreendido. No ano seguinte, ao lado do amigo Abdias do Nascimento, constituíram o Comitê Democrático Afro-brasileiro, que se estabeleceu como o braço político do Teatro Experimental do Negro (TEN), liderado por Abdias. Em 1950, fundou o Teatro Popular Brasileiro (TPB), cujo elenco era formado por operários, domésticas e estudantes e que tinha como temática e inspiração algumas das principais manifestações culturais brasileiras, como o bumba-meu-boi, os caboclinhos, o coco e a capoeira. O grupo adaptava para o teatro números de dança e música da cultura popular afro-brasileira e indígena. Cinco anos mais tarde, o poeta criou o grupo de dança Brasiliana, que realizou, com destaque, inúmeras apresentações no exterior. Nessa expectativa, muda-se para a cidade de Embu, localizada na grande São Paulo, onde lança o seu livro “Cantares do Meu Povo”. Entre 1961 e 1970, Solano viveu em Embu das Artes. Enquanto esteve por lá, transformou o município em um verdadeiro centro cultural, para onde foram diversos artistas que passaram a viver de arte. Foi o grande criador da poesia “assumidamente negra”, segundo muitos críticos. Os livros lançados por ele foram: “Poemas de uma Vida Simples”, 1944, “Seis Tempos de Poesia”, 1958 e “Cantares ao meu Povo”, 1961. Como ator, participou dos filmes “Agulha no Palheiro” (1955), “Mistérios da Ilha de Vênus” (1960) e “O Santo Milagroso” (1966). Trabalhou também como artista plástico, pintando quadros a óleo, sendo que um quadro do artista hoje faz parte do acervo do Museu Afro Brasil. Faleceu em fevereiro de 1974. Em sua homenagem, o TPB hoje leva seu nome, o Teatro Popular Solano Trindade. No Rio de Janeiro foi criado, em 1975, o Centro Cultural Solano Trindade. Sua obra poética foi organizada em um antologia por sua filha, e publicada em 1999.