Sebastião José de Oliveira

Biomas, biodiversidade e mudanças climáticas Desenvolvimento das ciências básicas e aplicadas

Sebastião José de Oliveira nasceu em 1918, no bairro de Cascadura, na capital carioca. Descendente de escravizados, foi escolhido por sua família para ser o primeiro a formar-se no nível superior e perseguir a mobilidade social ascendente. Ingressou, em 1938, na Escola Nacional de Medicina Veterinária, que hoje integra a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Especializou-se em Entomologia. Em 1939, ingressou no Instituto Oswaldo Cruz, onde publicou uma série de artigos como pesquisador e participou de excursões para a coleta de centenas de milhares de espécimes. Foi o primeiro cientista negro da instituição, e fez brilhantes contribuições para a Ciência, sendo pioneiro na catalogação e descrição entomológica das famílias de mosquitos Chironomidae, junto do pesquisador Ernst Fittkau, e Culicidae. Foi também responsável pela descrição inédita de vários insetos. Dentre estes, os gêneros Lopescladius, Brasixenos, Corytibacladius e Laurotanypus, divididos em 70 espécies. Em 1970, com o Ato Institucional nº 5, foi aposentado compulsoriamente por decreto – episódio de precarização da Fiocruz que se tornou conhecido como Massacre de Manguinhos. Ficou impossibilitado de exercer a Entomologia na instituição até 1986, com a Anistia, quando foi reintegrado ao quadro de funcionários da Fiocruz, tornando-se curador da própria coleção entomológica. Publicou cerca de 95 trabalhos envolvendo as áreas científicas e de divulgação. Por sua obra, recebeu diversas homenagens, entre as quais se destacam o Prêmio Estácio de Sá, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1985; o Prêmio Zumbi, pela Associação Nacional de Defesa dos Direitos do Negro, em 1988; e a eleição para a Academia Brasileira de Medicina Veterinária, em 1993. Além disso, o gênero Oliveiriella e 10 espécies de insetos, descritos por outros pesquisadores, receberam o nome oliveirai, em homenagem à sua contribuição. Investigador incansável, em 1998, com 80 anos, defendeu a tese “Contribuição ao conhecimento dos Chironomidae marinhos (Insecta, Diptera) do litoral brasileiro”, com a qual obteve o grau de Doutor em Ciências (Entomologia) no Curso de Pós-Graduação em Biologia Parasitária do Instituto Oswaldo Cruz. Faleceu no Rio de Janeiro, em abril de 2005.