Paulo Freire

Educação e ensino

Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 1921 em Recife, Pernambuco. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar e de Edeltrudes Neves Freire. Entrou para a então Universidade do Recife, atual UFPE, em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de Filosofia da Linguagem. Não exerceu a advocacia pois, diante do fato de que, à época, o direito ao voto fosse vetado aos analfabetos, só poderia existir exercício pleno da democracia com a alfabetização em massa. Assim, tornou-se professor escolar de Língua Portuguesa. A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco e exportado para todo o mundo. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos (os “círculos de cultura”) pelo País. Em 1964, porém, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias e obrigado a exilar-se. Em 1967, no Chile, publicou seu primeiro livro, “Educação Como Prática da Liberdade”. No ano seguinte, publicou “Pedagogia do Oprimido”, seu trabalho mais famoso. O livro foi muito bem recebido pela comunidade internacional, e rendeu a Paulo Freire o convite para lecionar na Universidade de Harvard a partir de 1969. A “Pedagogia do Oprimido”, porém, foi censurada no Brasil até 1974. Freire só retornou ao Brasil após a anistia, chegando ao país em 1980. Foi professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a gestão de Luiza Erundina (1989-1993), Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo. Exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela secretaria municipal de Educação está a criação do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras e outras instâncias de governo. Em 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, para estender e elaborar as ideias de Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial. e foi secretário municipal de Educação na prefeitura de São Paulo. É o brasileiro que mais recebeu títulos honoris causa pelo mundo. Ao todo, foi homenageado em cerca de 35 universidades brasileiras e estrangeiras. Faleceu em maio de 1997, em São Paulo. Em sua homenagem, a Lei nº 12.612 de 2012 o tornou o Patrono da Educação Brasileira. Em 2009, por meio do Ministério da Justiça, no Fórum Mundial de Educação Profissional, o governo brasileiro fez um pedido oficial de perdão post mortem à viúva e à família do educador pela injusta perseguição que sofreu durante a ditadura militar.