Nise da Silveira
Médica Psiquiatra, reconhecida internacionalmente pelo combate às técnicas agressivas no tratamento de pessoas com doenças mentais, a pioneira Nise Magalhães da Silveira nasceu em Maceió, capital alagoana, em 15 de fevereiro de 1905. Em 1926 formou-se como a única mulher em meio a 157 alunos da turma da Faculdade de Medicina da Bahia. Um ano após a formatura, já casada com o então colega Mario Magalhães da Silveira, seu pai faleceu e o casal decidiu migrar para o Rio de Janeiro, na época capital da República. No início da década de 1930, cursou uma especialização em Psiquiatria, que lhe deu condições para ser aprovada em concurso para psiquiatra do Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha. Durante a Intentona Comunista foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros marxistas. A denúncia levou a sua prisão em 1936 no presídio Frei Caneca por 18 meses. Nesse presídio também se encontrava preso Graciliano Ramos, de quem ela tornou-se uma das personagens em seu livro Memórias do Cárcere. Em 1944, quando reintegrada ao serviço público, iniciou seu trabalho onde passaria o resto da sua vida, no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro, bairro da zona norte carioca. Foi nele que fundou o que viria a revolucionar a Psiquiatria brasileira, a Seção de Terapêutica Ocupacional, onde junto com seus pacientes estimulava as técnicas de pintura e modelagem e interação com animais, como formas de terapia ocupacional humanizadas. A partir das produções deles, em 1956 fundou o Museu de Imagens do Inconsciente. Foi também membro fundadora da Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica (“Societé Internationale de Psychopathologie de l’Expression”), sediada em Paris. Em reconhecimento a seu trabalho, Nise foi agraciada com diversas condecorações, títulos e prêmios em diferentes áreas do conhecimento, entre as quais se destacam a “Ordem de Rio Branco” no Grau de Oficial, pelo Ministério das Relações Exteriores, em 1987; o “Prêmio Ciccillo Matarazzo Personalidade do Ano de 1992”, da Associação Brasileira de Críticos de Arte; a “Medalha Chico Mendes”, do grupo Tortura Nunca Mais, em 1993; a “Ordem Nacional do Mérito Educativo”, pelo Ministério da Educação e do Desporto, também em 1993. Nise faleceu no Rio de Janeiro em outubro de 1999. Seu nome foi incluso no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, a partir do projeto de Jandira Feghali (PCdoB). A decisão foi inicialmente vetada por decreto do presidente Jair Bolsonaro publicado no dia 25 de abril de 2022. Na justificativa do veto, constava que não seria possível avaliar o impacto do trabalho de Nise no Brasil. O veto, contudo, foi derrubado pelo Congresso Nacional em 5 de julho de 2022, confirmando o título de “heroína da Pátria” a Nise.