Neusa Santos Souza

Saúde pública

Neusa Santos Souza inaugurou o debate contemporâneo e analítico sobre o racismo no Brasil. A psicanalista e militante negra nasceu em Cachoeira, na Bahia, em 1948. Formou-se em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, especializando-se em Psiquiatria. Passou a estudar Psicanálise, com orientação lacaniana. Estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde cursou o mestrado em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua dissertação deu origem à obra “Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social”, considerado um marco da psicologia preta no Brasil. Contribuiu também com diversos artigos sobre a psicose e a psicanálise lacaniana, além do livro “Objeto de angústia”, publicado em 2005. Trabalhou no Núcleo de Atendimento Terapêutico (NAT), no Centro Psiquiátrico Pedro II, atual IMAS Nise da Silveira, Casa Verde Núcleo de Assistência em Saúde Mental que também funciona como hospital-Dia e atendimentos psicoterapêuticos, onde organizou diversos seminários. Escrevia para jornais e periódicos, frequentemente no Correio da Baixada. Faleceu em dezembro de 2008. Na ocasião, a Fundação Palmares louvou, em nota, sua contribuição para o estudo das relações raciais, considerando a obra da autora como a “primeira referência sobre a questão racial na psicologia”, notadamente em relação ao processo de “branqueamento” e o sofrimento psíquico dos negros na sociedade brasileira. Em reconhecimento às suas contribuições, foi criado, em 2015, no curso de Psicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) o Coletivo de Estudantes Neusa Souza. Entre outras homenagens, o volume quatro da importante coleção Sankofa, é dedicado à sua memória. É saudada pelo Conselho Federal de Psicologia que após pressão dos movimentos negros, lançou um guia de referências técnicas para a atuação dos psicólogos, sobre relações raciais. Seu nome é celebrado, também, no Rio de Janeiro, com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II Neusa Santos Souza.