Maria Lacerda de Moura nascida em Manhuaçu (MG) em 1887, filha de família de classe média, o que favoreceu que se tornasse professora primária. Militante da educação, participou dos esforços oficiais para enfrentar a desigualdade social através de campanhas nacionais de alfabetização e reformas educacionais. Em 1919, no Rio de Janeiro, fundou a Liga pela Emancipação Feminina com Bertha Lutz, organização que lutava pelo sufrágio feminino. Maria Lacerda, contudo, colocou em xeque o movimento pelo voto feminino por perceber o classismo e o racismo presentes no discurso feminista liberal: as militantes de classes média e alta exploravam outras mulheres mais pobres nos trabalhos domésticos. Diante da desigualdade, seria impossível que o feminismo contemplasse de fato a todas as mulheres. Assim, analisou que a pauta pelo direito ao voto seria menos importante diante de outras questões mais urgentes que as mulheres enfrentavam na sociedade da época, criticando o feminismo por não acolher mulheres negras e pobres, e considerando o movimento burguês e excludente. Em 1923, criou a revista ‘Renascença’, de arte e pensamento com a colaboração de anarquistas, feministas e comunistas brasileiros e estrangeiros, propondo uma abordagem feminista ampliada. Ademais, contribuía com artigos para os periódicos anarquistas como ‘A Plebe’ e o ‘O Combate’. Deixou uma obra de vinte livros publicados. Morreu em 1945, no Rio de Janeiro.