Maria do Socorro Pimentel da Silva foi uma referência na educação intercultural para povos indígenas e membros de comunidades tradicionais no Brasil. Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Tuiuti, em Curitiba – PR, em 1984, foi para a Universidade Federal de Goiás (UFG) para especialização em Alfabetização, entre 1988 e 1990. Na mesma universidade, concluiu o mestrado em Letras e Linguística, em 1995, já aproximando-se do tema da educação indígena, com dissertação sobre a situação sociolingüística dos Karajá de Santa Isabel e Fontoura. Em seguida, concluiu o doutorado em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas, em 2001, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Sua tese, de caráter antropológico, focou a função social do mito na revitalização cultural da língua Karajá. Tornou-se docente do quadro permanente da Faculdade de Letras da UFG, onde foi pioneira na criação do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI), em 2006. O Núcleo oferece o curso de licenciatura em Educação Intercultural, e conta com centenas de estudantes indígenas dedicados ao magistério. Essa licenciatura surgiu em atenção à solicitação de lideranças indígenas da região Araguaia-Tocantins e se dirige aos povos do Território Etnoeducacional da Região Araguaia-Tocantins e do Parque Indígena do Xingu, falantes de línguas dos Troncos Tupi e Macro-Jê, e das famílias Karib e Aruak. Maria do Socorro foi aliada e parceira dos povos indígenas, uma educadora incansável na luta por uma Universidade pública plural, diversa e inclusiva. Faleceu em maio de 2021.