Manuel Querino
Manuel Raimundo Querino nasceu em julho de 1851, em Santo Amaro – BA. Foi um intelectual negro, pintor, escritor, abolicionista e pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana no Brasil. Dedicou-se ao desenho e à pintura, estudando no Liceu de Artes e Ofícios e na Academia de Belas Artes, onde também trabalhava e se tornou conhecido como o “Vasari brasileiro”, em referência ao pintor e arquiteto italiano Giorgio Vasari. Formou-se em Desenho Geométrico e passou a lecionar no Liceu e no Colégio de Órfãos de São Joaquim. Produziu dois livros didáticos sobre desenho geométrico. Atuou também na política. Em 1975, Manuel Querino participou ativamente das diversas reuniões entre operários da construção civil, que resultaram na fundação de uma das primeiras cooperativas de trabalho do Brasil, a Liga Operária Baiana. A cooperativa quebrou o monopólio dos arrematantes de obra, que pressionavam o salário dos operários para baixo, e realizou inúmeras obras para particulares e para o Governo. Em 1887 lançou o seu jornal chamado “A Província”, que circulou desde 20 de novembro de 1887, dia do lançamento, até o final de 1888. Mais tarde, no inicio da década de 1890, Manuel Querino tornou-se um dos membros do diretório geral do Partido Operário, criado em 1890. Ainda ao longo da década de 90, Querino tomou parte no Conselho Municipal de Salvador (atual Câmara Municipal) por duas ocasiões, entre 1890 e 1891 e posteriormente entre 1897 e 1899, antes de abdicar da política em favor da carreira de intelectual. Ocupou-se, então, da militância abolicionista. Manifestou-se nas cessões da Sociedade Libertadora Baiana e no jornal Gazeta da Tarde, onde escreveu uma série de artigos denunciando o absurdo da escravidão e proclamando a necessidade da abolição imediata e redentora. Faleceu em fevereiro de 1923.