A ex-ministra Luiza Helena de Bairros nasceu em março de 1953, em Porto Alegre. Formada em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mudou-se para Salvador para realizar o mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia, em 1979. Nessa época, passou a integrar o Movimento Negro Unificado, aproximando-se de Lélia Gonzalez e entendendo o racismo como a principal tarefa de sua luta política. Foi para os Estados Unidos, onde cursou o doutorado em Sociologia pela Universidade de Michigan. No regresso ao Brasil, coordenou o Projeto Raça e Democracia, em 2000, uma parceria entre a Associação Nacional dos Cientistas Políticos Negros (NCOBPS) e o Centro de Recursos Humanos (CRH) da UFBA. A convite do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), coordenou a elaboração da agenda da delegação brasileira do campo dos movimentos sociais à III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, à Discriminação Racial, à Xenofobia e às formas conexas de Intolerância de 2000 e 2001; coordenou também a formulação de um substitutivo ao Projeto de Lei que instituía o Estatuto da Igualdade Racial pela Câmara Federal em 2003; e o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), de 2002 a 2005, uma poderosa articulação feita a partir de uma parceria do Governo Brasileiro com o Programa de Cooperação do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional (DFID). Essa ação contou, dentre outras, com a participação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Ministério Público Federal, Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e das Prefeituras de Salvador e de Recife, cidades onde o PCRI foi implementado.
Em seguida, atuou na Secretaria de Promoção da Igualdade do Governo da Bahia, entre 2008 e 2010, e, finalmente, foi Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR), entre 2011 e 2014, quando comandou a construção de diversos instrumentos de gestão para a implementação do Estatuto da Igualdade Racial, com destaque para os capítulos das Cotas Raciais. Também deixou organizada a estrutura do Plano Plurianual (PPA), nele definindo os programas de combate ao racismo, pela primeira vez assim nominados, ou seja, sendo usado o conceito de “racismo” e “racismo institucional”, operacionalizados em programas. Em sua carreira acadêmica, organizou vários livros e escreveu diversos artigos sobre racismo, sexismo e o negro no mercado de trabalho. Muitos de seus textos foram publicados pelas revistas Afro-Ásia, Bahia Análise & Dados, Caderno CRH, Estudos Feministas, Humanidades, e Força de Trabalho e Emprego, além de livros e periódicos das Nações Unidas no Brasil. Um de seus mais famosos artigos é “Nossos feminismos revisitados”, de 1995. Faleceu em julho de 2016. Em outubro do mesmo ano, em homenagem póstuma, foi criado o Coletivo Luiza Bairros, em Salvador, para a construção de uma política permanente de ações afirmativas na UFBA.