Lucia Piave Tosi
Lucia Piave Tosi nasceu na Argentina, no dia 20 de dezembro de 1917. Formou-se em Química pela Faculdade de Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Universidade de Buenos Aires e obteve um doutorado, em 1945, na área de Eletroquímica. Estagiou no Laboratório de Eletroquímica da Universidade da Sorbonne, em Paris, onde conheceu e casou-se com o brasileiro Celso Furtado. Mudou-se para o Brasil no início dos anos 1950 e consolidou, aqui, sua carreira, trabalhando no Departamento de Produção Mineral, no Instituto Nacional de Tecnologia, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), além de ter sido professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 1964, porém, pela perseguição da ditadura militar à sua família, exilou-se primeiro nos Estados Unidos, onde fez estágio de pós-doutorado pelo Sterling Chemistry Laboratory, da Universidade de Yale, até estabelecer-se, por fim, em Paris, em 1966. Aposentada em 1983, enquanto estava na França, Lucia viu a explosão do movimento feminista depois de maio de 1968 e junto de outras mulheres latino-americanas exiladas das ditaduras, ela criou o Grupo Latino-Americano de Mulheres em Paris e Lucia abraçou com fervor a luta das mulheres pela construção da igualdade. Em 1984, Lucia retornou ao Brasil, sendo professora visitante do departamento de Química da UFMG com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), até 1988, onde ministrou aulas de Química Bioinorgânica e de Teoria de Grupos para alunos de pós-graduação em Química, e também aulas de História da Química para alunos de graduação. Em 1989, ela retornou a Paris, mantendo cooperação científica com a UFMG, onde passava três meses por ano trabalhando no Departamento de Química desta universidade. Em Química, trabalhou com estrutura de moléculas e espectroscopia de raios gama, nas áreas de Espectroscopia e de Química Biorgânica, além do trabalho pioneiro em História das Ciências, em especial sobre o papel da mulher na ciência. Foi autora de vários artigos defendendo a educação feminina e a importância de ter mais mulheres cientistas trabalhando em laboratórios. Faleceu em fevereiro de 2007, em Campinas – SP.