José Peixoto Ypiranga dos Guaranys
José Peixoto Ypiranga dos Guaranys nasceu em 30 de agosto de 1824, no aldeamento de São Pedro, província do Rio de Janeiro. Guarani, José Peixoto descendia de uma das principais famílias de comerciantes indígenas que povoaram a região, tendo seu pai, capitão da aldeia, sido apontado como fiscal nomeado pela municipalidade das “casas de negócios e oficinas mecânicas”. Por sua condição abastada, pôde ingressar, em 1846, na recém-criada Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma do escritor José de Alencar, tornando-se o primeiro indígena advogado do Brasil. Sua carreira teve início nas cidades que compunham a região e comarca de Cabo Frio, e deslanchou quando assumiu a promotoria de justiça no julgamento de Manoel da Mota Coqueiro, conhecido como a “Fera de Macabu”. No ano seguinte, aproveitando-se de sua popularidade, orientou seu pai a solicitar ao juiz da “Conservatória dos Índios” de Cabo Frio o ressarcimento pelas despesas que teria tido consigo ao longo do curso de Direito. O pedido foi negado, mas tornou-se histórico por haver gerado o primeiro debate conhecido no Brasil sobre a necessidade de financiar o acesso de indígenas ao ensino superior. O pedido seria reproposto em ação coletiva por autores guaranis em 1872. Os dois pedidos mostram como os indígenas, de forma nuclear ou como aldeados, traçavam estratégias complexas para obter direitos. Para isso precisavam ter amplo conhecimento da burocracia e finanças do Estado, uma vez que dependiam de respostas dos mais altos níveis da burocracia imperial e do uso de recursos que estavam à sua volta – foros pagos à Conservatória dos Índios – para o pagamento das mensalidades dos cursos superiores, que eram todos pagos no Brasil Império. Em 1857, José Peixoto ingressaria na política, como vereador por Cabo Frio. Permaneceria na Câmara até 1860 e retornaria em 1868, como terceiro vereador mais votado. Faleceu em abril de 1873.