Joaquim Pinto de Oliveira
Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como “Tebas”, é uma as figuras mais emblemáticas da arquitetura colonial brasileira. Nascido em 1721, em São Paulo, foi escravizado até os 58 anos de idade, trabalhando na construção civil. Seu notável talento como mestre de cantaria, talhando blocos de rocha bruta para a construção de edifícios, o destacou, tornando-o uma referência na modernização da cidade de São Paulo. Após conquistar sua alforria, passou a trabalhar como respeitado profissional autônomo. Produziu obras como as fachadas da Igreja da Ordem 3ª do Carmo e da Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco, ambas ainda presentes no centro da capital paulista. Contribuiu também para a projeção e ornamentação da famosa Catedral da Sé de São Paulo. Atuou, ainda, como engenheiro hidráulico, assumindo e realizando o encargo de estabelecer o primeiro abastecimento público regular de água à Paulicéia, com a construção do antigo chafariz da Misericórdia e derivação canalizada, para este, das águas do Anhangabaú. Como registra o cronista José Jacinto Ribeiro (1846-1910), em documento manuscrito impresso, intitulado “Chronologia paulista ou relação histórica dos factos mais importantes ocorridos em S. Paulo, desde a chegada de Martim Affonso de Souza a S. Vicente até 1898”, o nome de Tebas se tornou sinônimo de qualidade e eficiência. Segundo o autor, “Thebas foi também o construtor do Chafariz da Misericórdia. É daí que vem a frase: É um Thebas; homem que tudo faz”. Faleceu em 1811, em São Paulo. Seu legado, porém, se perpetua até os dias de hoje e suas construções ainda são estudadas por jovens arquitetos. Em 2018, o Sindicato dos Arquitetos de São Paulo (Sasp) homenageou Tebas com base em documentos oficiais reunidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No mesmo ano, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP) lançou o livro “Tebas, um arquiteto negro na São Paulo escravocrata”, que pode ser cessado gratuitamente no sítio eletrônico do Conselho. Em 2020, no dia da Consciência Negra, Tebas foi homenageado com uma estátua na Praça Clóvis Beviláqua, face leste da Praça da Sé, em reconhecimento à sua produção vanguardista.