Izabel dos Santos

Saúde pública

Izabel dos Santos foi uma referência na formulação e implementação das políticas de formação de trabalhadores da Saúde. Nasceu em Pirapora – MG, em março de 1927. Aos 23 anos de idade, graduou-se pela Escola de Enfermagem Hugo Werneck, em Belo Horizonte, instituição hoje integrada à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Iniciou sua vida profissional no Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), onde se tornou supervisora regional, organizando a rede de serviços na margem do Rio São Francisco, período que lhe garantiu uma perspectiva prática sobre a profissão. Em seguida, ingressou como docente na Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco, lecionando em prol de uma formação cidadã e politizada da Saúde Coletiva. Para Izabel, o trabalho de enfermagem não poderia ser reduzido a uma abordagem técnica, mas sim focado na dimensão humanizadora do atendimento. Militante negra, se envolveu em manifestações de apoio aos presos políticos pela ditadura, passando a enfrentar constantes intimidações pelo regime militar. Mudou-se, então, para Brasília, onde se tornou consultora da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS/Brasil) entre 1975 a 1997. Neste período, idealizou iniciativas consideradas fundamentais no campo da educação e do trabalho em Saúde no Brasil. O Programa de Qualificação de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (Profae) e o Projeto Larga Escala, ambos voltados para a educação técnica em Saúde, são exemplos do vigor de suas ideias e do efeito estruturante de suas práticas na conformação de um campo de políticas sanitárias, já tendo formado mais de 270 mil atendentes e auxiliares de enfermagem. Após a saída da OPAS, continuou atuando como consultora especial do Ministério da Saúde, até o seu falecimento, em 2010. A partir do seu legado foram desenvolvidos o Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde (Profaps), a partir de 2009, e a constituição de uma rede de escolas técnicas para o SUS, a RET-SUS, ainda em funcionamento.