Guerreiro Ramos
Alberto Guerreiro Ramos foi um dos principais sociólogos brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). Nascido em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, em setembro de 1915, graduou-se em Ciências Sociais e Direito pela Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 1942 e 1943, respectivamente. Após a formatura, com o auxílio de Santiago Dantas, advogado e professor da Faculdade Nacional de Direito, obteve um cargo no Departamento Nacional da Criança, órgão recém-criado. No mesmo ano, entrou no Departamento de Administração do Serviço Público, sendo efetivado em 1945. Em 1944, Guerreiro Ramos participou da criação do Teatro Experimental do Negro, e desenvolveu forte ligação com Abdias do Nascimento e outros intelectuais que questionavam o racismo no Brasil. Escreveu de forma regular para o jornal “Quilombo”, e em 1949 ajudou a criar o Museu do Negro e o Instituto Nacional do Negro. Entre 1955 e 1958, trabalhou no Instituto Superior de Estudos Brasileiros, o ISEB, instituição que congregava intelectuais com diferentes formações profissionais e perfis disciplinares, unidos em torno do pensamento nacionalista. Foi também em 1958 que publicou sua mais importante obra, intitulada “A Redução Sociológica”. Entre 1958 e 1964 Guerreiro Ramos desenvolveu militância política trabalhista. Foi eleito para o Diretório Nacional do PTB em 1959 e em 1962 lançou-se candidato a deputado, tornando-se suplente de Leonel Brizola. Assumiu em 1963, permanecendo na função até abril de 1964, quando sofreu a cassação de seu mandato. Entre 1964 e 1966, em meio ao crescente autoritarismo, Guerreiro Ramos encontrou abrigo na Fundação Getúlio Vargas (FGV), até ter que deixar o país de forma definitiva. Exilado pelo regime militar, em 1966, foi então convidado a lecionar na University of South Carolina, radicando-se nos Estados Unidos, onde trabalhou até o final de sua vida. Nos anos de 1972 e 1973 foi “visiting fellow” da Yale University e professor visitante da Wesleyan University. Retornou ao Brasil em 1980 para uma passagem como professor na Universidade Federal de Santa Catarina. De volta aos Estados Unidos, faleceu em 1982. A obra de Guerreiro Ramos é marcada pela crítica ao pensamento imitativo que caracterizaria a sociologia brasileira, segundo ele propensa à importação acrítica de ideias e teorias europeias e norte-americanas. Guerreiro Ramos utilizou-se do conceito de redução sociológica para descrever o processo pelo qual os cientistas sociais do “Terceiro Mundo” podem apropriar-se de forma criativa dessas teorias ao evidenciarem os seus contextos históricos de produção. Essa foi sua grande contribuição teórica para o pensamento social brasileiro.