Florestan Fernandes
Sociólogo formado pela Universidade de São Paulo (USP), Florestan Fernandes é autor de obras canônicas da Sociologia brasileira, como “Mudanças sociais no Brasil”, “A integração do negro na sociedade de classes”, “A revolução burguesa no Brasil”, entre outras. Nasceu em São Paulo em 22 de julho de 1920, começando a trabalhar aos 6 anos de idade como engraxate e garçom. Em 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCLH), instituto vinculado a Universidade de São Paulo (USP), formando-se no curso de Ciências Sociais. Logo em seguida, iniciou sua carreira docente em 1945, como assistente do professor Fernando de Azevedo, na cadeira de Sociologia II. Em 1947, concluiu o seu mestrado na Escola Livre de Sociologia e Política (ELSP), com a premiada tese “A organização social dos Tupinambá” No ano de 1951 defendeu, na FFCLH/USP, a tese de doutoramento “A função social da guerra na sociedade tupinambá”, posteriormente consagrada como clássico da etnologia brasileira, que explora o método funcionalista. Ao longo de sua carreira, tratou de temas como mudança social, desenvolvimento, relações raciais, educação e metodologia das Ciências Sociais. É considerado o fundador da Sociologia crítica brasileira e um importante intérprete do pensamento social brasileiro. Dialogou criticamente com pensadores estrangeiros, como Marx, Marcuse, Durkheim, Weber, e com pensadores brasileiros como Gilberto Freyre, Manoel Bonfim e Euclides da Cunha. Através de sua participação no Programa de Pesquisas sobre Relações Raciais no Brasil, realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1950, contribuiu para a desmistificação da democracia racial no Brasil. Recebeu o Prêmio Jabuti em 1964, pelo livro Corpo e Alma do Brasil, logo antes do golpe militar que instaurou a ditadura no Brasil. Com o novo regime, passou a ser perseguido. Entre 1969 e 1978, foi preso pela ditadura, tendo seus direitos cassados e sendo impedido de lecionar, após a imposição do Ato Institucional nº 5. Deixou o Brasil e lecionou nas Universidades de Columbia, Toronto e Yale. A partir da década de 1980, atuou na PUC-SP e filiou-se ao Partido dos Trabalhadores, legenda pela qual exerceu dois mandatos de deputado federal, em 1986 e 1994. Faleceu em 10 de agosto de 1995. Foi agraciado postumamente em 1996 com o Prêmio Anísio Teixeira. Por sua contribuição, foi declarado Patrono da Sociologia brasileira pela Lei nº 11.325 de 2016.