Esperança Garcia
Mulher negra e escravizada, Esperança Garcia é hoje considerada a primeira mulher advogada do Brasil. Nasceu em 1751, no Piauí, na Fazenda Algodões, de propriedade de jesuítas. Quando a ordem jesuítica foi expulsa do Brasil pelo Marquês de Pombal, Esperança foi levada para a casa do capitão Antônio Vieira de Couto. Em 06 de setembro de 1770, escreveu uma carta ao governador da Capitania do Maranhão, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, denunciando os maus-tratos que sofria e pedindo para retornar à Fazenda Algodões. Fugiu pouco depois, reaparecendo numa relação de trabalhadores escravizados da Fazenda Algodões, datada de 1778, casada com o angolano Ignácio e com sete filhos. A carta de Esperança Garcia, por sua estrutura e conteúdo, é considerada a primeira petição escrita por uma mulher na história do Brasil, o que a torna uma precursora da advocacia. Em termos formais, o documento atende aos elementos jurídicos essenciais de uma petição: endereçamento, identificação, narrativa dos fatos, fundamento no direito e pedido. Também é um registro importante das origens da literatura afro-brasileira. Na data de envio, 6 de setembro, é comemorado o Dia Estadual da Consciência Negra no Piauí. Em 2017, o Memorial Zumbi dos Palmares, espaço dedicado à cultura negra em Teresina, foi reformado e reinaugurado com o nome de Memorial Esperança Garcia. No mesmo ano, atendendo ao pedido da Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra, Esperança Garcia foi reconhecida por unanimidade como a primeira advogada piauiense pelo Conselho Seccional do Piauí da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PI). A data de seu falecimento é desconhecida, mas seu legado perpetua-se até o presente.