Carolina Maria de Jesus

Diversidade cultural e identidade nacional

Carolina de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes escritoras do país. Nasceu em Sacramento – MG, em 14 de março de 1914. Frequentou a escola por apenas dois anos, entre 7 e 9 anos de idade – o suficiente para aprender a escrever e desenvolver o gosto pela leitura. Aos 13 anos, perdeu a mãe e migrou para São Paulo, capital. Lá, instalou-se na favela do Canindé, onde passou a maior parte de sua vida e criou seus 3 filhos trabalhando como catadora de papel. Seus manuscritos, registrados em pedaços de papel coletados, constituíram uma autoetnografia de sua vida cotidiana na favela. Foram descobertos pelo jornalista Audálio Dantas e constituíram a sua obra mais conhecida, cânone literário no Brasil e no exterior: “Quarto de Despejo”, publicada em 1960 e traduzida para 14 línguas. Após o sucesso de seu primeiro livro, mudou-se para o bairro de Santana, e posteriormente para Parelheiros, onde passou o resto de sua vida.

Sendo a primeira escritora negra moradora de favela, produziu outras obras como Diário de Bitita, Casa de Alvenaria, Pedaços de Fome, Provérbios, além de compor poemas, músicas, cantar e confeccionar roupas. Quarto de Despejo, ainda em 1960, ganhou uma montagem teatral, adaptada por Edy Lima e dirigida por Amir Haddad, bem como ganhou em 2020 nova edição comemorativa. A escritora também foi tema de exposição montada no IMS SP entre 2021 e 2022. Faleceu em 13 de fevereiro de 1977. No mesmo ano, foi publicada postumamente a obra “Diário de Bitita”, com recordações da sua infância e da juventude. Em 1982, publicou-se “Um Brasil para Brasileiros”. Em 1996, “Meu Estranho Diário” e “Antologia Pessoal”. Em 2014, as pesquisadoras Raffaella Fernandez e Maria Nilda de Carvalho Motta organizaram a coletânea “Onde Estaes Felicidade?”, que trouxe textos originais da autora e sete ensaios sobre sua obra e, em 2018, lançaram “Meu sonho é escrever – Contos inéditos e outros escritos”, com narrativas da autora. O material deixado por Carolina de Jesus foi reunido em 58 cadernos que somam 5 000 páginas de textos: são sete romances, sessenta textos curtos e cem poemas, além de quatro peças de teatro e de doze letras para marchas de carnaval. Em 2021, a Universidade Federal do Rio de Janeiro concedeu à escritora o título de Doutora Honoris Causa.