Alice Tibiriçá

Diminuição das desigualdades sociais e regionais Saúde pública

Alice Tibiriçá, pioneira na criação de instituições para o tratamento da hanseníase em todo o Brasil, nasceu na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, em 1886. Ainda na infância, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde viria a conhecer seu marido, João Tibiriçá Neto. Acompanhando-o durante a construção de uma estrada de ferro no Maranhão, comoveu-se com a situação dos doentes de hanseníase. De volta ao Rio, em 1915, militou pelos direitos dos doentes, denunciando o preconceito e arrecadando fundos para a causa. Fundou a Sociedade de Assistência às Crianças Lázaras, mais tarde Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra (SALDCL), e lançou perto de uma centena de agremiações filiadas por todo o país. Em 1929, as diversas instituições se reuniram na Federação das Sociedades, da qual Alice Tibiriçá foi a primeira presidenta. Graças a seu empenho, em 1933 realizou-se no Rio de Janeiro (então Distrito Federal) a Conferência para a Uniformização da Campanha contra a Lepra, que reuniu representantes das sociedades de assistência estaduais e municipais, médicos especialistas de todo o país e cerca de 100 associações privadas. Da conferência resultou um Plano Geral de Combate à Hanseníase. Criticou as medidas adotadas na época, como o isolamento dos doentes e a separação de pais e filhos. Escreveu em 1934 o livro “Como eu vejo o problema da lepra”. Fundou também a Federação das Associações de Combate à Tuberculose, em 1944, e militou pelos direitos dos doentes mentais. Paralelamente ao seu interesse por saúde pública, dedicava-se a melhorar também a situação das mulheres. Fundou em 1927 o Instituto de Ciências e Artes Santa Augusta, em São Paulo, oferecendo cursos profissionalizantes e de métodos modernos de agricultura para moças do interior paulista. Representou São Paulo no II Congresso Internacional Feminista, em 1931, no Rio de Janeiro, sob a presidência de Bertha Lutz, e foi um dos nomes mais votados em São Paulo, no ano de 1933, no plebiscito promovido pelo jornal Diário da Noite, para escolher as mulheres que melhor representariam o estado na Assembleia Constituinte. Introduziu no Brasil a comemoração do Dia Internacional da Mulher, em 1947, como parte de sua agenda militante. No mesmo ano foi à Praga para a reunião do Conselho da Federação Democrática Internacional de Mulheres. Ao lado da sua filha, Maria Augusta Tibiriçá Miranda, ajudou a fundar em 1949 a Federação de Mulheres do Brasil, que presidiu até a sua morte. Faleceu em 1950, no Rio de Janeiro. Em sua homenagem, a SALDCL de São Paulo passou a denominar-se Instituição Alice Tibiriçá de Civismo e Sociedade.